"GERAÇÃO À RASCA" DE HÁ UM ANO DEU LUGAR A "PORTUGAL INTEIRO À RASCA"

PEC's e Austeridade só afundam mais a economia e atiram para a rua milhares de famílias todos os anos 

Não é fácil perceber o que mudou para melhor desde que, a 12 de Março, o País assistiu a uma das maiores manifestações de que há memória, sem qualquer estrutura partidária ou sindical por detrás. Na altura, os ingredientes que confeccionaram o protesto foram vários, como recorda Alexandre Sousa Carvalho, um dos organizadores do protesto: a canção “Parva que Sou”, dos Deolinda, verbalizava a insatisfação de uma geração de licenciados que não conseguia encontrar estabilidade laboral; a Primavera Árabe continuava a derrubar ditadores no Norte de África e Médio Oriente. E o Governo Sócrates vivia uma fase de muita contestação. A soma destas partes foi igual a 300 mil pessoas na rua em Lisboa e no Porto. Hoje, a Primavera Árabe procura derrubar mais um líder – desta feita na Síria. Por cá, o Governo mudou, e até trouxe um “bónus”: a troika, pedida por José Sócrates a 6 de Abril, para resolver o problema de financiamento do País. “Um ano depois temos um Portugal à rasca. As medidas que estão a ser tomadas não têm em conta as pessoas, e estão a colocar-nos em recessão. Não há estabilidade profissional, o desemprego continua a aumentar”, lamenta Paula Gil, uma das organizadoras (são quatro) do 12 de Março – que deu origem ao Movimento 12 de Março (M12M). A descrição é facilmente entendível, numa altura em que o próprio Presidente da República se queixa da sua reforma. Alexandre Sousa Carvalho lamenta que a precariedade não tenha sido “tratada”. “Uma das nossas acções, em conjunto com outros movimentos, foi uma iniciativa laboral cidadã, um projecto-Lei para o qual recolhemos 36 mil assinaturas, e que agora está na Assembleia da República. Reunimo-nos com a bancada do PSD para discutir a proposta, e disseram-nos que não a tinham lido, apesar de ela apenas ocupar uma folha A4”, conta um dos membros do movimento. “Além disso, as crises política e económica estão mais graves e o desemprego em níveis que já não víamos há 20 anos”, observa. (in, Jornal de Negócios)