MINISTRO DA ECONOMIA AMEAÇA DEMITIR-SE POR CAUSA DO QREN

o Ministro da Economia fez uma birra por perder poderes e quer sair do Governo

Álvaro Santos Pereira ameaçou demitir-se no Conselho de Ministros da última quinta-feira, onde esteve a ser discutido o esvaziamento dos seus poderes na gestão do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Segundo fontes próximas do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira tem manifestado que o seu abandono do governo poderá decorrer já nos próximos dias, antes do Congresso do PSD marcado para o final deste mês. Vítor Gaspar apresentou no último Conselho de Ministros uma proposta de resolução para suspender durante 30 dias todas as candidaturas ao QREN, prevendo também a reprogramação das verbas. De caminho, a proposta entrega às Finanças o poder de supervisão sobre a gestão dos fundos. Na sala do Conselho de Ministros, a polémica foi intensa. A maioria dos ministros não gostou de ver um dos seus pares desautorizado dessa forma pelo ministro das Finanças. Passos Coelho estava ausente, mas Paulo Portas, em representação do primeiro-ministro, defendeu o ministro das Finanças. Curiosa foi a posição de Miguel Relvas, ministro-adjunto e braço direito do primeiro-ministro, que esteve contra a ideia de Vítor Gaspar – manifestando-se mesmo numa intervenção violenta –, colocando-se assim numa trincheira oposta à de Passos Coelho.

Passos Coelho – na conferência de imprensa da noite de sábado em que foi reeleito líder do PSD – colocou-se publicamente ao lado da posição do Ministro das Finanças na questão do QREN. “Cabe ao ministro das Finanças uma palavra muito relevante, para não dizer decisiva, sobre a forma como a reafectação” dos fundos comunitários “deve ser feita”, disse o primeiro-ministro. Ao mesmo tempo garantiu que o Ministério da Economia “continua” com a coordenação. Mas na prática, a última palavra sobre aquela que é hoje uma das únicas vias possíveis para estimular a economia será a de Vítor Gaspar. A reprogramação dos 2,5 mil milhões de euros de verbas comunitárias, disponíveis até ao final do próximo ano, dependerá da tal “palavra decisiva” de Gaspar. Porquê reprogramar? Para que “Portugal possa executar melhor o envelope financeiro de que dispõe”, diz Passos. A frase sugere a pouca fé do primeiro-ministro na gestão dos fundos comunitários que até agora, no essencial, esteve nas mãos do ministro da Economia e do secretário de Estado Almeida Henriques (próximo do ministro Miguel Relvas).