VICE-PRESIDENTE DO BCE DIZ ESTAR A PREPARAR NOVO REFORÇO FINANCEIRO A PORTUGAL

Vitor Constâncio contraria o cenário económico de recuperação que o Governo português anuncia  

O número dois do BCE não afasta cenário de reforço na assistência a Portugal. Gaspar e Rehn não querem ouvir falar disso. Vítor Constâncio, o número dois do Banco Central Europeu, decidiu furar este fim-de-semana a linha de comunicação definida entre Lisboa e Bruxelas, ao admitir que o País poderá precisar de um reforço da assistência financeira, em função da evolução dos mercados e do seu próprio desempenho. "É uma questão que tem de estar sempre em avaliação" e "debaixo de análise", disse à margem do Ecofin informal de Copenhaga. Constâncio não se coibiu de contemplar esse cenário em dissonância com as declarações do ministro de Finanças, Vítor Gaspar, ou do comissário Olli Rehn. Os termos de referência acordados em Lisboa no quadro da última avaliação da ‘troika', apurou o DE junto de fonte comunitária, foram expressamente de mostrar "máxima determinação" aos mercados, não admitindo publicamente a possível necessidade de nova assistência. Uma estratégia que o Governo entende que está a contribuir para uma percepção mais favorável dos mercados nas últimas semanas. O próprio Constâncio, numa recente conferência de imprensa em Frankfurt, questionado sobre Portugal, tinha-se limitado a citar as conclusões da avaliação da ‘troika'. Apesar de se mostrar optimista com a evolução do País, Vítor Constâncio adianta que isso "depende fundamentalmente do desempenho do País no cumprimento do programa que está acordado com as autoridades europeias e da percepção dos mercados, que felizmente tem melhorado nas últimas semanas". Um reforço da assistência financeira "só se põe em Setembro do próximo ano" e "até lá temos de avaliar em geral como é que este progresso, que se conseguiu, se consolida, tornando possível o regresso ao mercado sem existir um segundo programa", salientou Constâncio.